Estado nutricional e consumo alimentar de trabalhadores noturnos do setor de nutrição de um hospital de Porto Alegre, Rio Grande do Sul
DOI:
https://doi.org/10.29327/269776.2.4-5Palavras-chave:
Estado Nutricional, Consumo de Alimentos, Ritmo Circadiano, Relógios Biológicos, TrabalhadoresResumo
Introdução: A sociedade contemporânea organiza suas atividades predominantemente em torno do ciclo diurno, sincronizado com o ritmo circadiano humano. No entanto, a crescente demanda por serviços 24 horas tem levado à proliferação de jornadas de trabalho noturnas. Essa inversão dos ciclos de sono e vigília impõe desafios significativos ao organismo, interferindo no funcionamento fisiológico e comprometendo a qualidade de vida dos trabalhadores. Objetivo: Identificar o estado nutricional e analisar o consumo alimentar de trabalhadores noturnos. Metodologia: A população do estudo foi composta pelos 26 funcionários do Serviço de Nutrição e Dietética (SND) do turno da noite de um hospital de Porto Alegre/RS. Uma entrevista foi realizada para investigar as condições de saúde, características sociodemográficas, qualidade do sono e consumo alimentar. Resultados: O Índice de Massa Corporal médio foi de 28,7 (±6,1) kg/m² e a maioria dos participantes apresentou sobrepeso ou obesidade (57,6%). Além disto apresentaram qualidade de sono comprometida e hábitos alimentares inadequados, especialmente em relação ao consumo de carboidratos. A maior parte era do sexo feminino (88,5%), idade entre 18 a 60 anos, tempo de trabalho noturno entre 5 a 15 anos, 53,85% com ensino médio completo, 57,7% não praticava exercícios e 61,5% considerou a qualidade do sono entre ruim e razoável. Uma pequena diferença de ganho de peso (1,6 (±4,5) kg) foi encontrada entre a coleta e o início do trabalho noturno (p=0,076). Foi encontrada associação entre o consumo de carboidratos e a obesidade, sugerindo a necessidade de intervenções nutricionais específicas para este grupo profissional. Conclusão: Trabalhadores noturnos do setor de nutrição apresentam maior prevalência de sobrepeso e obesidade, além de dificuldades para dormir. O estudo indicou que, embora haja uma tendência de aumento de peso após o início do trabalho noturno, essa diferença não foi estatisticamente significativa. Fatores como a baixa prática de atividade física e hábitos alimentares inadequados podem estar contribuindo para o problema. É necessário realizar mais pesquisas com amostras maiores para confirmar esses resultados e investigar os mecanismos que ligam o trabalho noturno ao ganho de peso.
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